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Teatro

Vista da sala de espetáculos no largo do Rocio, onde hoje se encontra o teatro João Caetano, na praça Tiradentes, Rio de Janeiro. Em: Arago, Jacques Etienne Victor. Voyage autor du monde (...). Paris: Imprimerie em Taille-Douce de Langlois, 1824-1826. OR 2126 Bib

O teatro teve sua origem na Grécia antiga, decorrente das manifestações em louvor a Dionísio, o deus do vinho. Com o advento do Império romano, o teatro espalhou-se pelo mundo. A despeito das diversas épocas que atravessou e dos variados estilos que desenvolveu, tornou-se um relevante veículo de divulgação de ideias, fossem elas religiosas ou políticas. Na América portuguesa, o teatro foi introduzido pelos primeiros colonos e, desde o início, representou mais do que arte e entretenimento. Utilizado como um instrumento de auxílio para os jesuítas na conversão dos infiéis, assumiu um viés mais pedagógico, para ensinar aos pagãos algumas noções da moral cristã, como pecado e arrependimento. Dessa forma, atuou como veículo de pregação e convencimento na catequese dos índios. O Auto de Santiago (1564)escrito pelo padre jesuíta José de Anchieta (1534-1597), é considerado a primeira peça apresentada no Brasil. Ao longo do século XVII, a temática religiosa permaneceu, mas de uma outra forma. Segundo Rogério Burasz (2008), nesse período, a liturgia católica barroca tinha uma natureza dramática, uma forma quase teatral de devoção, caracterizada por festas, procissões, músicas e encenações. Na falta do espaço físico do teatro, as igrejas cumpriam esse papel e o público-alvo já não era primariamente o índio, mas toda a população. Para as procissões e autos, que ganhavam as ruas e contavam com grande participação popular, foram criados cenários móveis, marionetes, elementos cênicos e as famosas estátuas de roca – imagens sacras de madeira, vestidas com trajes de tecido. Ao lado das manifestações religiosas, temas ligados a festas populares e acontecimentos políticos começam a emergir, como exemplo, as comédias apresentadas nos eventos de aclamação a d. João IV, em 1641. As ruas das cidades e vilas tornam-se locais para representações de comédias e tragédias, geralmente encenadas em tablados ou palcos improvisados ao ar livre. Só na segunda metade do século XVIII, as primeiras casas da ópera seriam abertas no Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto, Belém, Salvador e em outros centros urbanos. Numa tentativa de conferir certo grau de civilização e modernidade à colônia portuguesa, essas casas de espetáculos exibiam as novas tendências teatrais que vinham de Portugal, com a introdução da ópera italiana, com repertórios, basicamente, importados da Europa. Em suas Memórias da rua do Ouvidor, Joaquim Manoel de Macedo diria das óperas: “Talvez que alguns pensem que a lamentável falta de bom teatro dramático seja de pouca importância. Possivelmente assim não é. No teatro, pode-se tomar o pulso à civilização e à capacidade moral do povo de um país”. Tanto no século XVIII quanto no XIX – quando a vinda da família real representou um estímulo à construção de novos teatros no Brasil – além de local de entretenimento, essas casas serviam como novos espaços de sociabilidade, criando oportunidades de interação social, anteriormente circunscritas, sobretudo, à igreja. Os teatros ganham importância, levando a uma maior profissionalização das companhias dramáticas, destaque para aquela dirigida por João Caetano. Os divertimentos públicos se intensificariam durante o período joanino, e os espetáculos teatrais faziam parte da nova sociabilidade cortesã.