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Tratado de paz entre a Rússia e a Porta Otomana (1774 e 1783)

O Império Russo e o Império Otomano assinaram, em julho de 1774, o tratado de Küçük Kaynarca, dando fim ao conflito entre as duas nações que durou de 1768 a 1774. As perdas para o Império Otomano foram consideráveis e, as condições de paz, humilhantes. A Porta Otomana perdeu territórios e influência sobre populações inteiras dentro dos limites do Império. Após a assinatura do tratado, o Império russo não cessaria em tentar obter ganhos territoriais e políticos à custa do já decadente império turco, durante seu movimento expansionista rumo à Europa. Cinco anos depois, o tratado precisou ser ratificado – convenção expiatória de 10 de março de 1779 –, sob a mediação de um embaixador francês, reforçando a necessidade de manter a região da Crimeia independente, já que a Rússia agia de forma a intervir no destino político do território. No entanto, em 1783, a península da Crimeia seria anexada ao território russo e um tratado de comércio assinado, concedendo à Rússia consideráveis vantagens nas trocas comerciais com o Império Otomano, o que acabou por despertar em outras nações europeias o desejo de obter as mesmas facilidades. Com essa incorporação, o Império russo teria acesso ao mar Negro, pondo fim ao incontestável domínio turco na região. A percepção do papel do Império Otomano, não mais considerado uma ameaça real à Europa cristã no equilíbrio de poder continental, tornou-se mais aguda e sua fragilidade frente ao expansionismo russo, verteu-o ao papel de peça estratégica na diplomacia de nações como França, Inglaterra e Áustria, incomodadas com o crescimento de um estado que consideravam muito mais ameaçador do que o esvaziado sultanato de Istambul: o Império da Rússia czarista.