O interesse dos holandeses pelo território brasileiro remonta ao século XVI, quando estes já empreendiam viagens à colônia portuguesa na América, motivados, sobretudo, pelo lucrativo comércio do açúcar e buscando recolher informações acerca do potencial econômico costeiro, das possíveis rotas marítimas e dos melhores pontos para atracamento. Com a proibição da entrada de estrangeiros no Brasil em 1605, durante a União Ibérica, as incursões holandesas ao território da colônia escassearam. Esse período de união luso-espanhol e das guerras de independência dos Países Baixos contra a Espanha é decisivo para a compreensão dos ataques holandeses ao nordeste brasileiro nas primeiras décadas do século XVII. Durante as guerras de independência, uma das medidas adotadas por Felipe II, rei das duas coroas ibéricas, foi a suspensão do comércio entre Holanda e Portugal e suas colônias, incluindo a América lusa. Tal proibição afetava diretamente o comércio do açúcar brasileiro, uma vez que os flamengos eram os principais investidores da agroindústria açucareira. Caberia à Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, fundada em 1621 e detentora do monopólio desse comércio, o restabelecimento das transações mercantis entre neerlandeses e o Brasil, considerado território vulnerável no grande Império Ibérico, mas de grande potencial lucrativo. O nordeste brasileiro, principal região produtora de açúcar, foi o alvo de ataques holandeses. A primeira incursão foi na Bahia em 1624, região estratégica para o comércio no Atlântico sul. O assalto não foi bem-sucedido. Em 1628, os holandeses mudaram o foco e passaram a cobiçar a região de Pernambuco, igualmente importante em termos econômicos, mas fragilmente protegida. Sob ocupação holandesa, a produção de açúcar no nordeste brasileiro floresceu. O período mais prolífico da presença holandesa no Brasil foi o da governação de Maurício de Nassau. Responsável pelas afamadas reformas urbanísticas no Recife, Nassau construiu palácios, pontes, calçou ruas e praças, promoveu melhorias sanitárias e apoiou diversas missões de naturalistas, pintores e estudiosos das ciências naturais, promovendo o conhecimento da natureza do território. Deixou como legado um rico e vasto material iconográfico, bem como diversos testemunhos da história da presença holandesa no Brasil, que se encerrou em 1645, quando foram expulsos pelas forças luso-brasileiras.