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Pecuária

A expansão da pecuária foi de grande importância no processo de ocupação do interior do território luso-americano e no abastecimento do mercado interno, unindo diferentes áreas geoeconômicas. Considerada pela historiografia tradicional como atividade econômica secundária diante das grandes culturas monocultoras, a pecuária gerou acumulação de volumosos cabedais endógenos e movimentou um importante mercado consumidor interno. Sua introdução no Brasil deu-se no século XVI na capitania de São Vicente, seguindo logo depois para a Bahia. No período colonial, esteve relacionada à produção açucareira, no litoral nordestino, e à mineração, favorecendo a ocupação do interior do Brasil. Devido aos danos que o gado provocava na lavoura, surgiram conflitos entre pecuaristas e plantadores de cana, o que deu origem à carta régia de 1701 que estipulava uma distância de 10 léguas entre as plantações e o pasto. O gado, além de servir para alimentação, também entrava no ciclo produtivo da cana como força de tração e para transporte. Desenvolvida, a princípio, no litoral para abastecer os núcleos urbanos, logo adentrou os sertões. No Nordeste, o gado passou a ser criado solto em pastagens naturais, atingindo as províncias do Ceará, Piauí e Maranhão. No século XVIII, o sertão nordestino alcançou o seu apogeu no desenvolvimento pecuário. Já no sul do Brasil, a criação de bovinos foi desenvolvida, inicialmente, pelos jesuítas, nas missões próximas ao rio Uruguai. No século XVII, os bandeirantes atacaram algumas das reduções jesuítas, o gado foi deixado para trás e passou a se reproduzir naturalmente na região, formando grandes rebanhos selvagens. Logo a atividade verteu-se por toda a região, promovendo a instalação de várias estâncias. No Rio Grande do Sul, estâncias reais foram criadas em 1737 e sesmarias doadas para a criação do gado, sempre no intuito de reforçar a ocupação. Com enorme irradiação espacial, pois ocupava extensas áreas de norte a sul da América portuguesa, a pecuária foi uma atividade constante e diversificada, formada sobretudo por bovinos, mas também suínos e caprinos. Com a abertura dos portos, foi desenvolvida criação do gado inglês – Durham, Hereford, Polled Angus - a fim de fornecer carne necessária ao consumo dos britânicos estabelecidos nas grandes cidades do litoral brasileiro.